sábado, 24 de janeiro de 2009

MONSTRA NADA SAGRADA




escrito para a Revista Brasileiros
edição n° 16 – Novembro de 2008
www.revistabrasileiros.com.br

Ao ver o cartaz de Monstra, arte de Luiz Stein, aqueles que como eu achavam que a dama do teatro de humor carioca Patricya Travassos, que enlouqueceu platéias quando se apresentou em Trate-me Leão, do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, tinha sido seqüestrada e era mantida como refém por uma abóbora hidropônica por sua atuação em Alternativa Saúde, do GNT, podem respirar aliviados.No palco do Teatro dos Quatro, em seu espetáculo Monstra, ela está livre tanto das leguminosas criminosas e, até mesmo, das comidas orgânicas. Livre, também, de seu linguajar 'geenetesco', politicamente correto. Já na abertura do espetáculo, ela deixa claro que não está ali para se policiar e enfia o pé na jaca, antes mesmo de pisar no palco. Entrando pela platéia, ela já prepara a todos para o que eles irão ver e, de cara, arranca os sapatos de uma das espectadoras porque esqueceu os dela em casa.Ela vive Maria Helena, que chega ao teatro com o pretexto de ministrar uma palestra de auto-ajuda e cai em suas próprias armadilhas, pois percebe que os sábios toques que pretendia dar aos presentes não funcionam nem para si mesma.Isso posto, passa o resto do tempo regulamentar lidando com suas próprias inseguranças até se transformar na tão esperada mulher-monstra.De seu livro, Monstra e outras crônicas da revista Marie Claire, recentemente lançado pela Editora Globo, Patricya selecionou, com a ajuda do diretor Jorge Fernando, algumas delas e as transformou em dramaturgia.Segundo a própria Patricya, essas histórias foram colecionadas a partir de suas saídas pela cidade e, é claro, algumas criadas por ela, sempre inspiradas em sua experiência pessoal e de suas amigas. Ela garante que não são histórias autobiográficas.Patricya nada de braçada em águas tão familiares para ela, o humor escancarado, e nessa tragicomédia singular arranca da platéia as mais deliciosas gargalhadas. Tudo sem o menor pudor.A direção de Jorge Fernando, que também conhece muito bem esse universo do humor deslavado, colabora de maneira fundamental para que o espetáculo tenha o resultado desejado.